O Poder Destruidor da Língua
São Felipe Neri era um padre conhecido pelas penitências criativas que dava aos seus fiéis. Certa vez uma mulher veio se confessar com ele, dizendo que cometia o pecado de falar mal do próximo. Disse ainda que depois que se confessava acabava incorrendo novamente no mesmo pecado. São Filipe Neri ouviu atentamente a confissão da mulher e lhe deu a seguinte penitência: ela deveria depenar uma galinha, caminhando pelas ruas de Roma, e depois deveria voltar para continuar a penitência. Assim fez a mulher. Depenou a galinha, caminhando pelas ruas de Roma, e voltou para junto do padre. Quando perguntou o que mais teria de fazer, São Felipe foi certeiro: “ Agora, volta por todas as ruas pelas quais caminhaste e recolhe uma a uma as penas da galinha. E preste atenção, não deixes uma pena sequer esquecida”.
A mulher retrucou: “Mas, padre, isso é impossível! Tinha tanto vento que nunca poderei recolher todas as penas”.
“Eu sei, minha filha. Espero que tu tenhas compreendido a lição. A tua maledicência se parece com essas penas. As palavras ditas sem compaixão se espalham e depois não há como recolhê-las”.
O boato é assim. A fofoca é devastadora. Antes de proferir uma palavra, nós somos os seus senhores. Depois que elas saem, somos os seus servos.
A palavra, quando destrói, o faz de forma cruel. Quantas pessoas se esforçam para destruir, e não para construir. Trazem a infelicidade ás vidas alheias e ás próprias.
(Trecho do Livro Ágape. Padre Marcelo Rossi)